Nas empresas de engenharia consultiva, a informação deve ter uma importância relativamente maior do que nas empresas de outros setores, pois ela é o insumo e o produto final. Para empresas dos outros setores trata-se de uma questão estratégica, uma vez que os processos de manipulação da informação vão ajudar em seu desempenho, trazendo vantagens competitivas e gerando economias e segurança ao negócio, na engenharia consultiva eles são o coração da operação.
Embora pareça uma conclusão óbvia, isto não foi sempre assim. Podemos até dizer que se trata de um cenário relativamente novo. Há poucos anos, este processo de manipulação da informação, modernamente chamado de Tecnologia da Informação, ou pela sua sigla TI, era algo de pouca importância nas empresas de engenharia consultiva.
Sob o ponto de vista da produção, a informação estava em papel ou digitalizada sem recursos inteligentes do GIS (Geographic Information System) e do BIM (Building Information Modeling). A maneira mais rápida e eficaz de projetar e gerenciar era através do engenheiro munido apenas de calculadora, papel e planilhas. Talvez a automatização da produção de desenhos até proporcionasse um pequeno ganho de produtividade, porém, este pequeno benefício não justificava o custo e o trabalho de gerenciar todo este processo.
Pensando no negócio, qualquer investimento em TI não fazia sentido. No gerenciamento, o mercado mantinha a tendência de remunerar os contratos por homem/hora. Assim, investir em TI para ganhar produtividade significaria perder dinheiro. No projeto, ainda se orçava por prancha de desenho, estimando o custo de homem/hora por prancha. Este modelo é perfeitamente aderente ao modelo de produção, o que também não depende de TI.
Este cenário mudou ou está mudando. As razões para isto são várias e podem ser tema de uma coletânea de artigos. Mas, há quatro principais forças motoras desta tendência que podemos destacar. A começar pela entrada de profissionais e empresas europeias em nosso mercado por causa da crise, o que acarretou na chegada de visões diferentes em relação ao uso de TI.
Outro ponto é a formação de uma nova geração de profissionais com afinidade e interesse por tecnologia, que não aceita o status quo de maneira passiva, tais como a geração Y, X. Discorrendo sobre as forças motoras, não podemos esquecer o contraste de desempenho entre obras e projetos geridos pela forma tradicional e novos em função de entrada de dinheiro privado no mercado de infraestrutura. E, por fim, o quarto item é a redução do custo de TI com a introdução do conceito de nuvem, uso sob demanda e assinaturas de pacotes tecnológicos, que vêm ganhando espaço no mercado.
A partir dos fatores citados, ficam perguntas que passam a constar na agenda das organizações do setor de construção. Como lidar com esta crescente importância da TI? Como passar a pensar em TI de maneira estratégica? Como estruturar organizacionalmente para ganhar produtividade, ter novos produtos no portfólio e conseguir se manter competitivo em um novo cenário que se abre? A maneira com que estou organizado hoje é adequada?
Essas questões devem ser os grandes dilemas e desafios dos gestores das empresas de engenharia consultiva para o ano de 2013. As suas empresas precisarão estar prontas para o novo mercado que existirá, pois o cenário que vivemos num passado recente não voltará mais e o caminho, sem dúvida, é inovar. Pensar a TI de maneira estratégica é o status quo de todo esse movimento. E deixar este cenário em segundo plano é condenar-se ao oceano vermelho.