Reaquecimento na construção civil: menos política e mais tecnologia

por Marcus Granadeiro

Após dois anos de crise econômica, que estava vinculada ao cenário político, vemos os primeiros sinais de reaquecimento do mercado. Isso se deve, sobretudo, às ações do governo, que desplugou a agenda política da economia, disparando leilões no setor de energia e destravando algumas questões ligadas ao transporte e ao agribusiness. Como resultado, tivemos a retomada dos investimentos no País e reaqueceu diversos setores da indústria.

A construção civil, especialmente, é o primeiro setor a sentir os efeitos da movimentação econômica. Isso porque, com a melhoria na condição financeira, o “sonho da casa própria” volta a vislumbrar o imaginário do trabalhador brasileiro. Prova disso é que em 2018 o mercado imobiliário nacional terá uma expansão de 10% em lançamentos e vendas, segundo a Comissão da Indústria Imobiliária (CII) da Câmara Brasileira de Indústria da Construção (CBIC).

O crescimento poderia até ser mais expoente se a reforma da Previdência tivesse sido aprovada e se não tivéssemos um ano de eventos, como as eleições e a Copa do Mundo.

E como o setor deverá atender essa demanda? É certo que a compra de insumos, de matérias-primas e o aumento no número de oportunidades de empregos nos próximos seis meses deverá ocorrer. Todavia, devemos lembrar que a crise transformou as empresas em operações enxutas, elevando a automatização para a redução imediata de custos. Então, qual o risco de voltar ao modus operandi anterior à crise: operações infladas por pessoas e pouco investimento em tecnologia? O setor deve ampliar os investimentos na automatização ou retomar o volume excessivo de profissionais?

Fazendo essa reflexão, a indústria da construção civil deve aproveitar o legado da crise: “fazer mais com menos”. E, para isso, é preciso investir em inovação como vantagem competitiva ao negócio. A adoção de tecnologias como Realidade Virtual, Blockchain, Nuvem e Aplicativos Mobile deverão tornar os processos do setor mais transparentes, ágeis, inteligentes e colaborativos.

Vale aproveitar este momento de retomada do setor para rever os investimentos em tecnologia, transformando a contratação de profissionais numa demanda para processos que não são atendidos pela automatização. A hora é de inovação e mudança! Mãos à obra!

Marcus Granadeiro é engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da USP, sócio-diretor do Construtivo, empresa de tecnologia com DNA de engenharia, membro do RICS – Royal Institution of Chartered Surveyors (MRICS) e do ADN (Autodesk Development Network) e certificado em Transformação Digital pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT)