Neste mês de março, em Valência, na Espanha, ocorreu o buildingSMART International Summit, que trouxe novas discussões sobre os padrões openBIM. Foram quatro dias de conexões, colaboração, trabalhos conjuntos e esforços para a construção de uma base de comunicação e de armazenamento dos dados de forma aberta e independente de fornecedores de softwares.
Com um processo muito bem estruturado, com demandas canalizadas para domínios, os trabalhos realizados representaram as diversas especialidades, desenvolvidas em projetos, trazendo casos de sucesso bem estruturados para serem utilizados como benchmark.
E como o BIM tem avançado na prática?
O uso do BIM parece estar bem longe das nossas realidades, principalmente porque os casos apresentados pelos grandes participantes de softwares mostram somente as glórias deste modelo, mas nunca as dores e desafios, que é o cenário mais corriqueiro de quem adota essa inovação.
Acompanhando o evento fica claro que o padrão aberto democratiza o acesso, pois é possível usar diferentes tecnologias para o mesmo objetivo, todas se conectando. A grande sacada deste processo é entender os conceitos e criar uma estratégia própria para seu projeto ou empresa, este é o caminho que resultará num diferencial competitivo importante. Eventos como este são importantes para inspirar as organizações para este objetivo, ficando claro que o BIM não é um custo adicional, mas sim uma oportunidade.
Uma novidade é que temos neste ano a consolidação do passaporte de produtos para uso na Europa. Na prática, esta é uma forma de se ter uma universalização de todos os elementos a serem utilizados, permitindo uma aderência maior dos modelos e processos BIM aos demais processos do ciclo de vida do ativo.
Os processos de definição de requisitos e sua respectiva verificação de forma automática já são realidade e uma oportunidade para que prefeituras e até mesmo condomínios tenham aplicações para este fim, assim como para criarem uma base de dados para a tão desejada cidade inteligente. E por falar em cidade inteligente, os padrões abertos de BIM e GIS estão se convergindo, inclusive com discussões sobre o que é correto: falar de GIS em BIM ou BIM em GIS.
Há muita inovação circulando, mas fato é que precisamos melhorar a inserção do Brasil neste cenário. O Construtivo e a Petrobrás foram as duas únicas empresas brasileiras neste evento e, em conjunto com a direção do BIM Forum Brasil, formamos a representação brasileira no encontro de Valência.
A construção dentro do buildingSMART acontece dentro de grupos temáticos chamados de domínios, o domínio de infraestrutura conseguiu desenvolver uma atualização do padrão IFC para atender a maioria dos projetos da área, resultando a versão 4.3 já com norma ISO publicada, no evento foi apresentado trabalhos avançados associado aos domínios de ferrovias e túneis, sendo aberta chamada para um grupo de trabalho para tratar saneamento. Casos de sucesso, e fracasso, são reportados e discutidos, excelentes oportunidades para os donos dos ativos, empresas de engenharia e desenvolvedores de tecnologia.